De Ernest a Marlene
Ele a chamava de "Kraut" e ela o chamava de (que mais?) "Papa".
Ernest Hemingway e Marlene Dietrich se conheceram em uma viagem pelo Atlântico, na Ile de France, em 1934. Sua amizade durou até a morte do autor vencedor do Nobel, em 1961.
Hemingway descreveu sua relação com a Marlene Dietrich como 'uma paixão assíncrona'
Na quinta-feira (29/3), a Biblioteca John F. Kennedy lança 30 cartas que Hemingway escreveu para a lendária atriz e cantora entre 1949 e 1959. Em 2003, Maria Riva, filha de Dietrich, doou à biblioteca as cartas, assim como duas histórias batidas à máquina, dois poemas e uma versão anterior do romance "Do Outro Lado do Rio e Entre as Árvores".
A viúva de Hemingway, Mary, doou seus documentos à biblioteca em 1968. "Quando combinada com a coleção da biblioteca da correspondência de Dietrich para Hemingway, essas novas cartas ajudam a completar a história de uma amizade notável, entre dois indivíduos excepcionais", disse em declaração Tom Putnam, diretor da biblioteca.
O neto de Dietrich, Peter Riva, disse em entrevista telefônica que quando sua mãe vendeu os bens de Dietrich para o governo alemão, em 1993, ela fez questão de excluir os materiais de Hemingway da venda. "Ela os considerava tesouros americanos", disse Riva, descrevendo a opinião de sua mãe, "e queria que ficassem guardados para a nação. Francamente, ela foi aconselhada pelos amigos a vendê-los." Riva disse que uma avaliação tinha estimado o valor da doação em US$ 6 milhões (em torno de R$ 12 milhões).
A correspondência consiste de 25 cartas (sete escritas à mão), quatro telegramas e um cartão de Natal. Nelas, Hemingway apresenta seu lado mais despojado: profano e menino, algumas vezes brincalhão, algumas vezes filosófico, e sempre profundamente afetuoso.
Uma noção da amizade epistolar (e intimidade) de Hemingway com Dietrich fica aparente em uma carta de 1º de fevereiro de 1950, enviada de Veneza. "Mary está bem e envia seu amor", escreveu. "Estou cumprindo um grande programa de ficar com Miss Mary, e não importa quem. É um programa fácil de manter, por um sistema simples de fazer amor toda noite e, portanto, estar automaticamente praticamente inútil para o consumo de qualquer outra mulher."
Fica claro pelos dois lados da correspondência (a Biblioteca JFK já tinha 31 cartas e telegramas de Dietrich para Hemingway, enviadas entre 1950 e 1961) que o forte elo emocional entre eles foi correspondido por uma atração física similar. Afirmações intensas de amor apimentam a correspondência.
Ainda assim, Dietrich e Hemingway nunca foram amantes. Eles eram, como observou Hemingway para seu amigo e futuro biógrafo A.E. Hotchner, "vítimas de uma paixão assíncrona". Toda vez que uma parte estava livre, a outra não estava.
A falta de consumação física pode ter contribuído para os sentimentos muitas vezes calorosos expressados por Hemingway. "O que você realmente quer para o trabalho de uma vida?" escreveu no dia 19 de junho de 1950. "Quebrar o coração de todos por dez centavos? Você sempre pode quebrar o meu por cinco, e eu trarei a moeda." No final dessa carta, ele refere-se ao seu novo romance como "Under the Arm-Pits and Into the Trees" (sob as axilas e para as árvores).
A conexão Hemingway-Kennedy começou quando o senador John F. Kennedy invocou o autor no lançamento de seu livro "Profiles in Courage" (Perfis de coragem). Mais tarde, Kennedy convidou Hemingway a sua posse. Depois da morte do romancista, JFK ajudou Mary Hemingway a recuperar seus documentos e posses de Cuba, onde o casal morava.
"A vida em geral é a parte difícil"
Ernest Hemingway e Marlene Dietrich se conheceram em uma viagem pelo Atlântico, na Ile de France, em 1934. Sua amizade durou até a morte do autor vencedor do Nobel, em 1961.
Hemingway descreveu sua relação com a Marlene Dietrich como 'uma paixão assíncrona'
Na quinta-feira (29/3), a Biblioteca John F. Kennedy lança 30 cartas que Hemingway escreveu para a lendária atriz e cantora entre 1949 e 1959. Em 2003, Maria Riva, filha de Dietrich, doou à biblioteca as cartas, assim como duas histórias batidas à máquina, dois poemas e uma versão anterior do romance "Do Outro Lado do Rio e Entre as Árvores".
A viúva de Hemingway, Mary, doou seus documentos à biblioteca em 1968. "Quando combinada com a coleção da biblioteca da correspondência de Dietrich para Hemingway, essas novas cartas ajudam a completar a história de uma amizade notável, entre dois indivíduos excepcionais", disse em declaração Tom Putnam, diretor da biblioteca.
O neto de Dietrich, Peter Riva, disse em entrevista telefônica que quando sua mãe vendeu os bens de Dietrich para o governo alemão, em 1993, ela fez questão de excluir os materiais de Hemingway da venda. "Ela os considerava tesouros americanos", disse Riva, descrevendo a opinião de sua mãe, "e queria que ficassem guardados para a nação. Francamente, ela foi aconselhada pelos amigos a vendê-los." Riva disse que uma avaliação tinha estimado o valor da doação em US$ 6 milhões (em torno de R$ 12 milhões).
A correspondência consiste de 25 cartas (sete escritas à mão), quatro telegramas e um cartão de Natal. Nelas, Hemingway apresenta seu lado mais despojado: profano e menino, algumas vezes brincalhão, algumas vezes filosófico, e sempre profundamente afetuoso.
Uma noção da amizade epistolar (e intimidade) de Hemingway com Dietrich fica aparente em uma carta de 1º de fevereiro de 1950, enviada de Veneza. "Mary está bem e envia seu amor", escreveu. "Estou cumprindo um grande programa de ficar com Miss Mary, e não importa quem. É um programa fácil de manter, por um sistema simples de fazer amor toda noite e, portanto, estar automaticamente praticamente inútil para o consumo de qualquer outra mulher."
Fica claro pelos dois lados da correspondência (a Biblioteca JFK já tinha 31 cartas e telegramas de Dietrich para Hemingway, enviadas entre 1950 e 1961) que o forte elo emocional entre eles foi correspondido por uma atração física similar. Afirmações intensas de amor apimentam a correspondência.
Ainda assim, Dietrich e Hemingway nunca foram amantes. Eles eram, como observou Hemingway para seu amigo e futuro biógrafo A.E. Hotchner, "vítimas de uma paixão assíncrona". Toda vez que uma parte estava livre, a outra não estava.
A falta de consumação física pode ter contribuído para os sentimentos muitas vezes calorosos expressados por Hemingway. "O que você realmente quer para o trabalho de uma vida?" escreveu no dia 19 de junho de 1950. "Quebrar o coração de todos por dez centavos? Você sempre pode quebrar o meu por cinco, e eu trarei a moeda." No final dessa carta, ele refere-se ao seu novo romance como "Under the Arm-Pits and Into the Trees" (sob as axilas e para as árvores).
A conexão Hemingway-Kennedy começou quando o senador John F. Kennedy invocou o autor no lançamento de seu livro "Profiles in Courage" (Perfis de coragem). Mais tarde, Kennedy convidou Hemingway a sua posse. Depois da morte do romancista, JFK ajudou Mary Hemingway a recuperar seus documentos e posses de Cuba, onde o casal morava.
"A vida em geral é a parte difícil"
Trechos da correspondência de Ernest Hemingway com Marlene Dietrich:
"Sei de muitas fofocas, algumas até verdadeiras."
Dia 26 de setembro de 1949
"Eles deviam ter uma lei confinando autores a Ellis Island, ou algum lugar, por ao menos seis meses depois que terminam um livro."
1º de fevereiro de 1950
"Mary ainda é a melhor mulher na cama que jamais conheci. É claro que não rodei muito e sou basicamente tímido."
Dia 23 de maio de 1950
"Você e eu vivemos as piores épocas de todos os tempos. Não quero dizer só as guerras. Guerras são espinafre. A vida em geral é a parte difícil."
27 de junho de 1950
"Estava quente demais para fazer amor se você puder imaginar, exceto debaixo da água, e eu nunca fui muito bom nisso."
21 de novembro de 1951
"Também, se não houver problema, não gosto muito do Prêmio Nobel. Eles dão a você aquele dinheiro; mas o dinheiro se perde nos dados e o resto é dor de cabeça e milhares de cartas."
24 de março de 1955
Mark Feeney - The Boston Globe
Tradução - Deborah Weinberg
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