Cartas do Inferno
Ramón Sampedro
Ramón Sampedro trata aqui, com grande coerência, do direito à eutanásia, palavra que significa ´boa morte`. Ao mergulhar em uma praia, Sampedro fraturou o pescoço e ficou paralítico, depois disso passou 28 anos tentando provar que merecia e queria a ‘boa morte’. Embora não tenha conseguido convencer nem a família nem as autoridades, ele defende com maestria o seu direito, rechaçando com argumentos sinceros e muito bem embasados todas as cartas que recebe de diferentes pessoas: médicos, jornalistas, estudantes que escrevem com o único objetivo de convencê-lo a continuar vivendo. Descobrimos em Ramón uma pessoa doce e respeitosa, mas que pode se mostrar direto e quase brutal com aqueles que desrespeitam ou não compreendem a sua causa, sobretudo se os argumentos que a apresentam forem de ordem religiosa já que ele era ateu.
É interessante quando, na página 172, o autor afirma que a "‘arte da boa morte’ não nos foi ensinada porque aos dominantes interessa que o sofrimento seja visto como um dever moral porque esta é a sua fonte de prazer e bem estar. Assim, a sacralidade da vida teria sido ensinada por medo que os escravos renunciassem em massa ao inferno de suas vidas miseráveis."
Ramón Sampedro trata aqui, com grande coerência, do direito à eutanásia, palavra que significa ´boa morte`. Ao mergulhar em uma praia, Sampedro fraturou o pescoço e ficou paralítico, depois disso passou 28 anos tentando provar que merecia e queria a ‘boa morte’. Embora não tenha conseguido convencer nem a família nem as autoridades, ele defende com maestria o seu direito, rechaçando com argumentos sinceros e muito bem embasados todas as cartas que recebe de diferentes pessoas: médicos, jornalistas, estudantes que escrevem com o único objetivo de convencê-lo a continuar vivendo. Descobrimos em Ramón uma pessoa doce e respeitosa, mas que pode se mostrar direto e quase brutal com aqueles que desrespeitam ou não compreendem a sua causa, sobretudo se os argumentos que a apresentam forem de ordem religiosa já que ele era ateu.
É interessante quando, na página 172, o autor afirma que a "‘arte da boa morte’ não nos foi ensinada porque aos dominantes interessa que o sofrimento seja visto como um dever moral porque esta é a sua fonte de prazer e bem estar. Assim, a sacralidade da vida teria sido ensinada por medo que os escravos renunciassem em massa ao inferno de suas vidas miseráveis."
Esta edição tem prefácio de Alejandro Almenábar, diretor do belíssimo filme Mar Adentro baseado no livro de Ramón Sampedro e que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2004.
Leila Silva Terlinchamp - Cadernos da Bélgica
Marcadores: Leila
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home