Vislumbres da Índia
Octavio Paz
Vislumbres da India - Um diálogo com a condição humana.
Vislumbres da India - Um diálogo com a condição humana.
4a edição.
Octavio Paz.
Tradução de Olga Savary, Editora Mandarim.
ISBN 8535400044.
Quando vivia na Ásia planejei, mais de uma vez, viajar pela Índia, tal viagem nunca se deu por mais de uma razão: desorganização, incompetência, falta de tempo, um certo medo, talvez. O fato é que nunca lá estive. Semana passada comprei, em Florianópolis, este Vislumbres da Índia – Um diálogo com a condição humana - e pus-me a viajar com Octavio Paz. Melhor companheiro de viagem não poderia haver, sobretudo em se tratando desse destino.
O autor conhece bem a Índia pois viveu lá trabalhando, primeiro como segundo secretário na embaixada do México e, anos depois, como embaixador. Vislumbres da Índia é um pequeno livro, um ensaio de, exatamente, duzentas páginas nessa edição Mandarim de 1996 que adquiri. Octavio Paz explica que escolheu a palavra ‘vislumbres’ por significar ‘indícios’, ‘realidades percebidas entre a luz e a sombras’, o que quer dizer que “esse livro não é para especialistas”. Pode até não ser, mas mesmo os especialistas devem ganhar muito com a leitura dele, é riquíssimo em impressões, análises da cultura, religião, línguas, cozinha, o sistema de castas, política, etc. Eu não desgrudei do livro enquanto não cheguei à última página, ou melhor, só por uns minutos durante um vôo em que Dona Lucrécia se sentou do meu lado e não parou de falar, olhou para a capa do meu livro, perguntou se Octavio Paz era brasileiro, teceu algumas considerações sobre a Índia, meditação e pobreza....mas esta é outra história.
Nas primeiras páginas em que conta a sua chegada à Índia, o autor se pergunta “O que me atraía?” e fala daquele deslumbramento quase ingênuo que temos ao nos vermos diante de tanta coisa nova ao mesmo tempo, tanta que não conseguimos discernir. Na impossibilidade de responder à pergunta sobre o que o atraía, Octavio Paz recorre a T.S. Eliot “O gênero humano não pode suportar tanta realidade.”
Sublinhei vários trechos que chamaram a minha atenção, que eu gostaria de ler melhor depois e que também pensei em colocar aqui....mudei um pouco de idéia quanto a isolá-los assim nesse apanhado rápido, num momento de puro entusiasmo quando acabo de fechar o livro e mal digeri o que li. Descontextualizar pode ser um ato perigoso. Ainda assim vou arriscar uma citação que se refere à democracia. Nos Estados Unidos a maioria da população repete essa palavra a torto e a direito, inclusive com ela justificando guerras, mas nunca ou quase nunca, me parecia, indo ao âmago da questão que seria se perguntar de vez em quando, o que é o real significado da palavra e como ela está sendo usada por um político e outro. Então, para Octavio Paz:
“Certamente a democracia também pode ser tirânica, e a ditadura da maioria não é menos odiosa que a de uma pessoa ou a de um grupo. Daí a necessidade da divisão de poderes e do sistema de controles. Mas as melhores leis do mundo convertem-se em letra morta se o governante é um déspota, um homem que domina os demais porque é incapaz de dominar-se a si mesmo.”
E um dos epigramas selecionados por Octavio Paz como exemplo da arte literária hindu:
Quando vivia na Ásia planejei, mais de uma vez, viajar pela Índia, tal viagem nunca se deu por mais de uma razão: desorganização, incompetência, falta de tempo, um certo medo, talvez. O fato é que nunca lá estive. Semana passada comprei, em Florianópolis, este Vislumbres da Índia – Um diálogo com a condição humana - e pus-me a viajar com Octavio Paz. Melhor companheiro de viagem não poderia haver, sobretudo em se tratando desse destino.
O autor conhece bem a Índia pois viveu lá trabalhando, primeiro como segundo secretário na embaixada do México e, anos depois, como embaixador. Vislumbres da Índia é um pequeno livro, um ensaio de, exatamente, duzentas páginas nessa edição Mandarim de 1996 que adquiri. Octavio Paz explica que escolheu a palavra ‘vislumbres’ por significar ‘indícios’, ‘realidades percebidas entre a luz e a sombras’, o que quer dizer que “esse livro não é para especialistas”. Pode até não ser, mas mesmo os especialistas devem ganhar muito com a leitura dele, é riquíssimo em impressões, análises da cultura, religião, línguas, cozinha, o sistema de castas, política, etc. Eu não desgrudei do livro enquanto não cheguei à última página, ou melhor, só por uns minutos durante um vôo em que Dona Lucrécia se sentou do meu lado e não parou de falar, olhou para a capa do meu livro, perguntou se Octavio Paz era brasileiro, teceu algumas considerações sobre a Índia, meditação e pobreza....mas esta é outra história.
Nas primeiras páginas em que conta a sua chegada à Índia, o autor se pergunta “O que me atraía?” e fala daquele deslumbramento quase ingênuo que temos ao nos vermos diante de tanta coisa nova ao mesmo tempo, tanta que não conseguimos discernir. Na impossibilidade de responder à pergunta sobre o que o atraía, Octavio Paz recorre a T.S. Eliot “O gênero humano não pode suportar tanta realidade.”
Sublinhei vários trechos que chamaram a minha atenção, que eu gostaria de ler melhor depois e que também pensei em colocar aqui....mudei um pouco de idéia quanto a isolá-los assim nesse apanhado rápido, num momento de puro entusiasmo quando acabo de fechar o livro e mal digeri o que li. Descontextualizar pode ser um ato perigoso. Ainda assim vou arriscar uma citação que se refere à democracia. Nos Estados Unidos a maioria da população repete essa palavra a torto e a direito, inclusive com ela justificando guerras, mas nunca ou quase nunca, me parecia, indo ao âmago da questão que seria se perguntar de vez em quando, o que é o real significado da palavra e como ela está sendo usada por um político e outro. Então, para Octavio Paz:
“Certamente a democracia também pode ser tirânica, e a ditadura da maioria não é menos odiosa que a de uma pessoa ou a de um grupo. Daí a necessidade da divisão de poderes e do sistema de controles. Mas as melhores leis do mundo convertem-se em letra morta se o governante é um déspota, um homem que domina os demais porque é incapaz de dominar-se a si mesmo.”
E um dos epigramas selecionados por Octavio Paz como exemplo da arte literária hindu:
Amor
Admira a arte do arqueiro:
Não toca o corpo e rompe corações.
Leila Silva Terlinchamp - Cadernos da Bélgica
Marcadores: Leila
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