segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Five Great Short Stories


Five Great Short Stories
Anton Chekov
Dover Publications, Inc, NY


Terminei 2006 lendo Chekhov e comecei 2007 lendo Chekhov....acho que vai ser o ano dos russos. Para mim, claro. Comprei este livrinho por menos de um dólar num sebo em Seattle, há quase dois anos. Chekhov não merecia ter passado dois anos ali na estante, mas...c'est la vie. Lembro-me do momento exato em que o comprei, eu pensava que não devia comprar mais um livro porque já tinha comprado tantos e livro pesa, não é? Mas era tão pequeno e tão barato que não resisti. Não ia pesar nem no bolso e nem na mala. Ainda bem que tomei esta sábia decisão.

Anton Pavlovich Chekhov médico e escritor russo nasceu na cidade de Taganrog em 1860 e morreu de tuberculose em 1904. Era neto de um servo que comprou a sua liberdade. Sobre sua infância o autor expressa-se da seguinte maneira em uma carta ao irmão: "Filho de um servo, ... servente de loja, cantor na igreja, estudante do liceu e da Universidade, educado para a reverência de superiores e para beijos de mão, para se curvar perante os pensamentos alheios, para a gratidão por qualquer pequeno pedaço de pão, muitas vezes sovado, indo à escola sem galochas".
Este servente de loja e cantor de igreja era o pai, este que educou os filhos para a obediência e ‘reverência aos superiores.’

Quando
estava na universidade, em Moscou, Chekhov já escrevia artigos e trabalhos literários assim como anedotas para jornais, com o dinheiro que ganhava pode ajudar a família que estava com sérios problemas financeiros.

Os contos que compõem este Five Great Short Stories são The Black Monk(1894), The House with the Mezzanine, The Peasants, Gooseberries(1898) e The Lady with the Toy Dog (1899). O primeiro, The Black Monk (O monge negro), narra a história de Kovrin, um intelectual que, vitimado pela loucura, vê um monge negro, conversa com ele e nessas conversas o monge sempre enaltece a genialidade de Kovrin, convencendo-o de que ele nasceu para ser ‘grande’. Finalmente, convencido por pessoas que o amam, de que ele não está bem mentalmente, que precisa de ajuda e remédios, Kovrin aceita o tratamento, mas depois condena essas pessoas, sua mulher e o sogro, que o levaram a aceitar o tratamento. Ele não era uma pessoa comum, não podia aceitar que fosse assim e preferia viver feliz na sua megalomania do que infeliz e realista. Passa, então a tratar cruelmente a mulher e o sogro. Ele não só aceita a sua loucura como ainda justifica que esta e a genialidade estiveram sempre ligadas:
“"How fortunate Buddha, Mahomed, and Shakespeare were that their kind relations and doctors did not cure them of their ecstasy and their inspiration," said Kovrin. "If Mahomed had taken bromide for his nerves, had worked only two hours out of the twenty-four, and had drunk milk, that remarkable man would have left no more trace after him than his dog. Doctors and kind relations will succeed in stupefying mankind, in making mediocrity pass for genius and in bringing civilisation to ruin. If only you knew," Kovrin said with annoyance, "how grateful I am to you."”

The Peasants(1897) é um conto extremamente triste sobre a vida dos camponeses nesta época. Triste, mas de nenhum modo condescendente. Os camponeses não são mostrados como simples ‘coitadinhos’, mas como pessoas boas e más, calculistas, infelizes, sonhadoras ou arraigadas àquela realidade, como a personagem Fekla que gostava da pobreza, da sujeira, de usar palavras de baixo calão e odiava o filho Nikolai e sua mulher, Olga, pelo simples fato de que eles odiavam esta vida. A história começa justamente com Nikolai que era garçom em Moscou e que, doente e sem meios, volta para a sua família na esperança de um pouco de repouso. O que encontra é justamente o contrário, problemas familiares, todos os homens dependentes da vodka, a mãe a repreendê-lo o tempo todo por ter voltado para morrer ali e dar mais trabalho ainda para a sua gente. Para Olga, mulher de Nikolai, esse era um universo novo, ela tenta compreender a todos, justificar suas ações, ajudar as mulheres destes homens que se embebedam e descontam nelas, em brutalidades físicas e morais, todas as suas frustrações.
Os demais contos são igualmente interessantes. Muitos deles podem ser lidos aqui em inglês ou aqui para os felizardos que podem ler em russo.
Mais sobre Chekhov aqui.
Leila Silva Terlinchamp - Cadernos da Bélgica
....

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1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Leila,

Também adoro Tchekhov. Sobretudo pelos contos.

Beijo,

UK

05 fevereiro, 2007 10:39  

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