quarta-feira, novembro 21, 2007

O livro que narra quase 100 anos da História de Cuba

A Revolução Cubana e a Questão Nacional (1868-1963)
Autor: Prof. Dr. José Rodrigues Máo Júnior

Editor: Núcleo de Estudos d'O Capital

Nos últimos anos, a imprensa brasileira e os trabalhos acadêmicos não têm poupado munição para atacar intermitentemente Fidel Castro, a Revolução Cubana e suas conquistas. A informação que nos chega diariamente via jornais, televisão, revistas e teses defendidas nas universidades, sempre objetiva pintar, para Cuba, um cenário pouco pior do que o do inferno no imaginário medieval. Cada artigo que lemos pode ser tranqüilamente ilustrado com uma figura do Presidente cubano com rabo e chifres, empurrando para o fogo eterno os pobres pecadores desertados do Regime. Muito se fala sobre Cuba, muito se escreve sobre Cuba, muito se condena e se exalta Cuba, mas muito, muito poucos se dedicam a estudar a fundo a História de Cuba.
Na contramão dessa tendência, A Revolução Cubana e a Questão Nacional (1868-1963), tese de Doutorado defendida no Departamento de História Econômica da USP e lançado em livro neste agosto de 2007, traz ao leitor um estudo profundo e apaixonado dos principais acontecimentos históricos que marcaram a Ilha por quase 100 anos anteriores à Revolução. Com riqueza de detalhes são narrados no livro fatos ignorados pelo grande público, tais como a Primeira e a Segunda Guerras de Independência, as constantes intervenções militares e políticas dos EUA, a contradição crescente entre a burguesia
açucareira - tão subserviente ao capital estrangeiro - e os trabalhadores cubanos – tão ávidos por liberdade.
Além da abundância de informação sobre a História da Ilha, algo difícil de se encontrar na bibliografia até hoje publicada no Brasil, outro elemento que torna o livro precioso para o leitor comum é a forma como o historiador relaciona os principais episódios históricos de Cuba com a trajetória de vários de seus heróis. Impossível não se emocionar com a tenacidade do poeta José Martí que, apesar do corpo franzino, fez questão de lutar no campo de batalha da Segunda Guerra de Independência; ou com a morte de Antonio Guiteras, assassinado após uma covarde delação; ou ainda com os sempre eloqüentes discursos de Fidel Castro e sua brava atuação frente ao grupo de guerrilheiros que até hoje encanta os jovens revolucionários de toda a América Latina.
No livro, que pode ser comparado a um verdadeiro poema épico, o herói individualizado aos poucos cede lugar ao povo cubano que, em Playa Girón e nas Brigadas deAlfabetização se transforma, como um todo, no maior e mais honrado herói de sua pátria.
Ao contrário de outras teses aprovadas pela academia, que tanto se orgulham de cultivar uma linguagem hermética, para não dizer pedante, o autor de A Revolução Cubana e a Questão Nacional (1868-1963) busca o entendimento do leitor e sai vitorioso de seu intento. Com exceção do primeiro capítulo, no qual é apresentado um panorama das diferentes posições sobre a questão nacional entre os marxistas, o restante do livro é de fácil leitura para o grande público, pois possui ritmo e fluência elogiáveis.
Pela coragem de se colocar ao lado de Cuba - e não de Miami - neste momento crucial da História da Ilha, pela riqueza de detalhes, pela profundidade da pesquisa e pela linguagem elaborada, porém acessível, o livro A Revolução Cubana e a Questão Nacional (1868 1963), sem dúvida, é obra de leitura obrigatória para todos os que se interessem por aquela fascinante Ilha do Caribe.

Cibele Vieira Machado
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