sábado, novembro 11, 2006

Morte em Veneza

Morte em Veneza
Thomas Mann
Editora Nova Fronteira
Tradução de Eloísa Ferreira Araújo Silva

Ainda não assisti ao filme homônimo de Visconti (que imagino seja realmente tão belo quanto dizem), falha que pretendo corrigir em breve. Aqui trato apenas do livro, que li há muito tempo (nos anos 80, se não me engano). Eu deveria mesmo relê-lo para comentar adequadamente, mas não o farei: vou deixar que minha memória me ampare. O que mais me impressionou no livro foi perceber a que ponto determinadas obsessões podem chegar; os infinitos desdobramentos de fantasias pessoais tendo como base um outro que ignora inteiramente todo o universo de (im)possibilidades criado a partir dele; as "viagens" alucinantes desencadeadas a partir desse irrealismo materializado, do prazer e dor pela não-concretização do que só existe na mente de alguém que se desintegra aos poucos e — o mais estranho — conscientemente.
Combinando reminiscências da cultura grega com a idéia de decadência que dominava a Europa de então — às vésperas da Primeira Guerra —, Thomas Mann condensa em Morte em Veneza algumas de suas questões mais caras: a tensão entre o artístico e o natural, a luta contra a passagem do tempo e a decadência do corpo, e a doença como metáfora de um mundo em agonia.
Estamos nos primeiros anos do século 20, e o escritor alemão Gustav von Aschenbach está inquieto em sua velha Munique. Tomado por "uma espécie de vago desassossego", Aschenbach decide partir para Veneza. Considerado um dos mais importantes escritores de seu país, laureado com título de nobreza, Aschenbach representa o modelo do artista rigoroso, racional, ascético, obcecado com a perfeição da forma e a beleza ideal. Ao chegar à cidade italiana, ela mesma uma rara materialização do belo, Aschenbach hospeda-se em um luxuoso hotel à beira-mar. É aí que encontra o adolescente Tadzio, cuja beleza natural superava todos os esforços da arte. Fascinado pela perfeição física do jovem, o artista sucumbe a uma paixão platônica que o levará à ruína.
Thomas Mann nasceu em 1875, em Lübeck (Alemanha), filho de um rico burguês alemão e de uma brasileira. Após a morte de seu pai, em 1891, mudou-se para Munique, onde freqüentou os círculos intelectuais da universidade local.
Após trabalhar em um escritório de seguros e editar o jornal satírico-humorístico, Simplicissimus, fechado quando da implantação do regime nazista, ele resolveu dedicar-se exclusivamente à literatura. Seus primeiros contos estão reunidos em O Pequeno senhor Friedemann (1898). Em 1901, sacudiu meios literários europeus com a novela Os Buddenbrooks, baseado na decadência de sua própria família.
Em 1912, lançou Morte em Veneza , considerada uma de suas obras-primas.
Em 1924, Mann publicou A Montanha Mágica, obra onde ele compara o mundo, especialmente a Europa pós Primeira Guerra Mundial, a um sanatório de tuberculosos.
Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura de 1929 e, quatro anos depois, quando Hitler se tornou chanceler na Alemanha, mudou-se para a Suíça e passou a editar o jornal Mass und Wert.
Nessa época Mann deu início à tetralogia bíblica sobre José, com o livro José e seus irmãos (1933), obra que condena o racismo em geral e o anti-semitismo em particular.
Em 1938, mudou-se para os Estados Unidos e lecionou na Universidade de Princeton. Entre 1941 e 1952, estabeleceu-se ao sul da Califórnia, recebeu o título de cidadão norte-americano e publicou Doutor Fausto (1947).
Mann visitou diversas vezes a Alemanha Oriental e Ocidental depois da Segunda Guerra, mas recusou-se a voltar a viver em qualquer uma delas. Em 1952, mudou-se para Zurique, onde faleceu, em 1955.

Wagner Campelo

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Este é um dos poucos casos em que o filme faz jus à beleza do livro.

16 novembro, 2006 22:58  

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