domingo, setembro 09, 2007

Francisco Rebolo - Um pintor Corinthiano

Paisagem com cavalos


REBOLO - 100 Anos
coord. Lisbeth Ruth Rebollo Gonçalves; Antonio Gonçalves
Ed USP

O livro Rebolo – 100 Anos é uma das homenagens organizadas pela Fundação Rebolo em parceria com a Edusp e Imprensa Oficial para comemorar o centenário de nascimento do artista. Ao lado de inúmeras reproduções de suas principais telas, o livro reúne ensaios dos críticos Olívio Tavares de Araújo, Elza Maria Ajzenberg, Antonio Gonçalves, Carlos Soulié do Amaral, Célia Campos, Lisbeth Rebollo Gonçalves, Sílvia Procópio Cajado, Francisco Luiz de Almeida Salles, que analisam aspectos da obra do artista, a sua paixão pelo futebol, e o seu envolvimento com o modernismo paulista como integrante do grupo Santa Helena. Completa o volume a transcrição de depoimento de Francisco Rebolo, em que rememora sua participação no futebol paulista.

A história do pintor

Filho de imigrantes espanhóis, Francisco Rebolo começou a trabalhar como pintor de parede e decorador. De 1917 a 1930, jogou como ponta-direita nos times de futebol do São Bento, Ypiranga e Corinthians. O último, inclusive, marcou a transição do artista dos gramados para as telas: é ele o autor do símbolo definitivo da equipe, acrescentando, na década de 30, a âncora e os remos ao então distintivo oficial, que trazia apenas o círculo em que flana a bandeira do Estado de São Paulo.
Um ano após “pendurar as chuteiras”, Rebolo passou a dedicar-se à “pintura de liso”, eufemismo para pintura de parede, e à profissão de decorador. Em 1933, optou pela pintura de cavalete e, no ano seguinte, alugou uma sala do Palacete Santa Helena – hoje demolido –, na Praça da Sé, centro de São Paulo, onde montou seu ateliê.
Quando passou a dividir uma segunda sala do edifício com Mário Zanini, aproximou-se de artistas como Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Clóvis Graciano, Fúlvio Pennacchi e Manuel Martins. Formou-se, assim, o núcleo de criadores “operários” batizado pela crítica de arte de Grupo Santa Helena.
Tachados de “acadêmicos” pelos modernos da “fase heróica” e de “futuristas” pelos acadêmicos, os santelenistas destacaram-se pelas preocupações com aspectos técnicos da pintura. Para Rebolo, por exemplo, era fundamental o estudo do acabamento e do caráter artesanal de seus quadros. No resgate da natureza-morta, gênero abandonado pelos primeiros modernistas, o artista privilegiou composições em que os objetos distribuídos sobre a mesa dividiam a cena com reproduções de telas famosas ao fundo. Deste período, destaca-se a obra “Composição”, de 1940, em que aparece reproduzido o quadro “Girassóis”, de Van Gogh.
Se para os modernistas de 22 as referências estéticas vinham da França, em especial, e da Alemanha, para os integrantes do grupo Santa Helena eram mais importantes os trabalhos originários da Itália, de grupos como o Valori Plastici e o Novecento, os dois cultores de uma pintura equilibrada e realista, próxima dos impressionistas e dos pós-impressionistas.
Acrescenta-se a essas características do “segundo modernismo” o pendor político, que, no caso de Rebolo, manifestou-se, também, em atuações fora da esfera do ateliê. Em 1936, o pintor participou da fundação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo. No ano seguinte, encabeçou a Família Artística Paulista, junto a um grupo de artistas da cidade que defendem uma vanguarda “gradativa”, que não negue os precedentes. E, quase dez anos mais tarde, ajudou a fundar o Clube dos Artistas e Amigos da Arte, mais popular como Clubinho. A associação teve, até sua dissolução, no final dos anos 60, forte importância para a divulgação dos artistas de São Paulo.
Até fins da década de 40, Rebolo concentrou-se na confecção de paisagens ao ar livre, seja no interior do Estado de São Paulo, no litoral ou nos subúrbios paulistas, nos bairros paulistanos do Tremembé e do Cambuci. O interesse pela arquitetura ressaltou, em um primeiro instante, as estruturas unitárias de composição e a função construtiva de sua pintura. Depois, revelou-se espontânea, feita de tons suaves, sem fortes contornos na representação de árvores, nuvens e outros elementos. A influência maior aqui é de Cézanne. A primeira exposição individual ocorreu em 1944. Participa das três primeiras edições da Bienal de São Paulo. A natureza, a paisagem, norteou toda sua produção. A figura humana, quando entrou no campo da imagem, foi absorvida e envolvida ou pela imensidão da terra ou pelas manchas verdes.
O artista voltou ao rigor das paisagens urbanas quando viajou à Europa, em 1954, após vencer o Prêmio de Viagem ao Exterior do 3º Salão de Arte Moderna (1953), no Rio de Janeiro. Por dois anos, registra fragmentos da arquitetura européia, em particular a italiana renascentista. De volta ao Brasil, expõe, em 1957, no MAM, as telas pintadas na Europa.
Um enfarte aos 60 anos de idade o afastou da prática artística. Retornou ao trabalho em 1960 e, por cerca de cinco anos, dedicou-se ao desenho, à aquarela e à gravura, influenciado pelas pinturas etruscas. As tintas, então, foram mais encorpadas, alternando texturas e relevo com o uso de espátula. Na década seguinte, a pesquisa sobre volumes coloridos desembocou na retomada dos pincéis, do lirismo e da diluição dos elementos, próprios do início de carreira. Esta última fase, até os anos de 1980, foi pontuada por paisagens em óleo realizadas durante viagens ao nordeste, ao sul e ao litoral do país.

3 Comments:

Blogger Contemplar said...

A fim de ilustrar onde Rebolo tinha atelie, apresento uma obra que retrata o Palacete Santa Helena. Esta em http;//lenitondias.blogspot.com/2007_02_0_archive.html , abraços.

13 setembro, 2007 15:20  
Blogger Aninha said...

SOU PROFESSORA DO 1°ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PERNAMBUCO ,E ESCOLHI COM MEUS ALUNOS TRABALHAR NO NOSSO PROJETO DE ARTE A VIDA E OBRA DE REBOLO , POIS PERCEBI QUE ELE NOS DEIXOU UMA RICA CONTRIBUIÇÃO NO CAMPO DAS ARTES . GOSTARIA DE DEIXAR AQUI OS MEUS AGRADECIMENTOS PELA OBRA .

01 maio, 2008 03:33  
Anonymous Anônimo said...

Hey! Jessie J <3

12 março, 2012 20:52  

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