Diario de um Cucaracha
Henfil
Reli, há alguns meses, este Diário do Henfil depois de ter vivido, eu mesma, a experiência de cucaracha. Sei que há duas versões deste livro, uma com a foto, muito realista, da barata e uma edição, soit disant, feminina, sem a barata. A edição que eu tinha, há uns 15 anos, era com a bendita barata, alguém me deu de presente ou me repassou o livro, não me lembro mais e, tampouco, sei onde ele se encontra hoje. A edição que reli agora e que meu irmão comprou no sebo (vai ver é o mesmo livro dando voltas) traz também a barata horrorosa. Isto para dizer que nunca vi essa edição sem a barata….
O livro é bacana, engraçado e por vezes triste. Foi escrito quando Henfil estava nos Estados Unidos procurando um tratamento para a hemofilia, em 1973. Encontrei aqui neste Diário de um Cucaracha uma das melhores explicações para Thanksgiving, eu também tinha dificuldades em entender o significado da data, como todos os estrangeiros. Segundo Henfil:
“Impressiona mesmo é ver este traço da forte e preservada cultura Americana. A história parece que começou no tempo dos pioneiros, que, um dia, vendo que finalmente tinham conquistado e dominado a terra (dos índios), resolveram dar graças a Deus. Isto há mais de um século. Aí fizeram um festão e foram convidar quem? Os Indios. Que, Segundo a gravura dos livros escolares, estavam ressabiados olhando a alegria religiosa dos novos senhores da terra. E, nessa primeira festa, o peru foi acompanhado por uma frutinha vermelha que serviu muitas vezes de alimento para os pioneiros esfomeados. Pois bem, Zé, esta frutinha nativa foi conservada no hábito da festa e até hoje é comida junto com o peru. Mas é ruim, quase intragável.”
A tal frutinha a que ele se refere é cranberry, a fruta em si não é ruim* mas o modo como a preparam para o tanquisguívim* é mesmo quase intragável.
Henfil começou sua carreira na revista Alterosa, em Belo Horizonte, onde trabalhava com o escritor Roberto Drummond que sugeriu a assinatura Henfil ao invés de Henrique de Souza Filho ou Henriquinho, como era chamado pelos amigos. O engajamento político de Henfil e seus irmãos é conhecido, lutou contra a ditadura, pelas diretas já, pela anistia, enterrou os pelegos (simbolicamente, claro. Um dos enterrros mais conhecidos é o de Elis Regina por causa de uma apresentação para o exército). Neste período em que viveu nos Estados Unidos, chegou a negociar um contrato com Universal Press Sindicate para a publicação dos seus fradinhos (Mad Monks em inglês), porém, o público americano ficou tão chocado com o personagem que o acordo foi desfeito. Seus personagens mais conhecidos são: Fradim Baixim, Fradim Cumprido, Graúna, Capitão Zeferino, Bode Francisco Orelana.
Henfil, um dos maiores cartunistas que o Brasil já teve, morreu em 1988, ainda não tinha completado 44 anos.
.....
*Parece que hoje em dia é possível encontrar esta fruta no Brasil
*Grafia de Henfil.
Diário/cartas de NY, 1973
Reli, há alguns meses, este Diário do Henfil depois de ter vivido, eu mesma, a experiência de cucaracha. Sei que há duas versões deste livro, uma com a foto, muito realista, da barata e uma edição, soit disant, feminina, sem a barata. A edição que eu tinha, há uns 15 anos, era com a bendita barata, alguém me deu de presente ou me repassou o livro, não me lembro mais e, tampouco, sei onde ele se encontra hoje. A edição que reli agora e que meu irmão comprou no sebo (vai ver é o mesmo livro dando voltas) traz também a barata horrorosa. Isto para dizer que nunca vi essa edição sem a barata….
O livro é bacana, engraçado e por vezes triste. Foi escrito quando Henfil estava nos Estados Unidos procurando um tratamento para a hemofilia, em 1973. Encontrei aqui neste Diário de um Cucaracha uma das melhores explicações para Thanksgiving, eu também tinha dificuldades em entender o significado da data, como todos os estrangeiros. Segundo Henfil:
“Impressiona mesmo é ver este traço da forte e preservada cultura Americana. A história parece que começou no tempo dos pioneiros, que, um dia, vendo que finalmente tinham conquistado e dominado a terra (dos índios), resolveram dar graças a Deus. Isto há mais de um século. Aí fizeram um festão e foram convidar quem? Os Indios. Que, Segundo a gravura dos livros escolares, estavam ressabiados olhando a alegria religiosa dos novos senhores da terra. E, nessa primeira festa, o peru foi acompanhado por uma frutinha vermelha que serviu muitas vezes de alimento para os pioneiros esfomeados. Pois bem, Zé, esta frutinha nativa foi conservada no hábito da festa e até hoje é comida junto com o peru. Mas é ruim, quase intragável.”
A tal frutinha a que ele se refere é cranberry, a fruta em si não é ruim* mas o modo como a preparam para o tanquisguívim* é mesmo quase intragável.
Henfil começou sua carreira na revista Alterosa, em Belo Horizonte, onde trabalhava com o escritor Roberto Drummond que sugeriu a assinatura Henfil ao invés de Henrique de Souza Filho ou Henriquinho, como era chamado pelos amigos. O engajamento político de Henfil e seus irmãos é conhecido, lutou contra a ditadura, pelas diretas já, pela anistia, enterrou os pelegos (simbolicamente, claro. Um dos enterrros mais conhecidos é o de Elis Regina por causa de uma apresentação para o exército). Neste período em que viveu nos Estados Unidos, chegou a negociar um contrato com Universal Press Sindicate para a publicação dos seus fradinhos (Mad Monks em inglês), porém, o público americano ficou tão chocado com o personagem que o acordo foi desfeito. Seus personagens mais conhecidos são: Fradim Baixim, Fradim Cumprido, Graúna, Capitão Zeferino, Bode Francisco Orelana.
Henfil, um dos maiores cartunistas que o Brasil já teve, morreu em 1988, ainda não tinha completado 44 anos.
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*Parece que hoje em dia é possível encontrar esta fruta no Brasil
*Grafia de Henfil.
Diário/cartas de NY, 1973
Leila Silva Terlinchamp - Cadernos da Bélgica
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