I Love Billy Wilder
Eu sou apaixonado por Billy Wilder.
Acho tolice nomear "o melhor", mas em minha mitologia particular, BW é o melhor de todos. Nenhum cineasta me deu mais prazer do que ele, à exceção recente de Buñuel.
Mas Billy tem uma vantagem insuperável: ter experimentado todos os gêneros narrativos - comédia, drama, romance, policial, etc.
Alguém disse que ele era o último dos grandes cineastas da época de ouro do cinema. Perfeito. Eu acrescentaria apenas, definindo essa "época de ouro": o último grande de um cinema essencialmente literário.
Ainda que faça um uso magistral e, ao mesmo tempo, muito simples dos recursos narrativos do cinema, Billy é um escritor sofisticado, autor de diálogos memoráveis e um criador de situações inigualável.
E nos deixou ao menos esta cena, que eternizou Marilyn Monroe - e é certamente uma das 10 cenas que encarnam o cinema no imaginário universal.
(As outras nove? Não sei... O olho cortado à navalha, em O Cão Andaluz, de Buñuel; Carlitos com o menino, em O Garoto; Bogart e Bergman no aeroporto, em Casablanca; Gene Kelly dançando na chuva, em Cantando na Chuva; faltam cinco ainda...)
Aliás, ninguém disse isso ou ressaltou isso: Billy Wilder era um apaixonado pelas mulheres, certamente um sincero Don Juan.
Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Shirley Maclaine, só pra citar as que lembro de cabeça porque (com exceção de Dietrich) objetos do meu desejo.
E isso sem falar em Greta Garbo que ele não dirigiu, mas a quem fez sorrir, como autor do roteiro de Ninotchka.
A outra cena que me encanta nesse filme - O Pecado Mora ao Lado - é a de Marilyn descendo a escada que liga seu apartamento ao de seu vizinho.
A escada estava, na verdade, desativada - justamente para que o proprietário do imóvel pudesse dividir em dois o que antes era uma espécie de duplex. De repente, no meio da noite e em pleno delírio amoroso do vizinho, a escada se abre do teto e Marilyn começa a descer, lenta e majestosa, um sorriso radiante nos lábios. E nem nós, nem o vizinho podemos dizer se é verdade ou se é, de fato, um delírio.
Essa incapacidade fundamental de se dizer EXATAMENTE o que é, o que ocorre - que tanto nos maravilha quanto nos aterra - essência da arte e condição da existência é o que constitui a "ironia filosófica" de Wilder e o coloca ao lado dos maiores criadores de todos os tempos.
Antonio Caetano Café Impresso
Acho tolice nomear "o melhor", mas em minha mitologia particular, BW é o melhor de todos. Nenhum cineasta me deu mais prazer do que ele, à exceção recente de Buñuel.
Mas Billy tem uma vantagem insuperável: ter experimentado todos os gêneros narrativos - comédia, drama, romance, policial, etc.
Alguém disse que ele era o último dos grandes cineastas da época de ouro do cinema. Perfeito. Eu acrescentaria apenas, definindo essa "época de ouro": o último grande de um cinema essencialmente literário.
Ainda que faça um uso magistral e, ao mesmo tempo, muito simples dos recursos narrativos do cinema, Billy é um escritor sofisticado, autor de diálogos memoráveis e um criador de situações inigualável.
E nos deixou ao menos esta cena, que eternizou Marilyn Monroe - e é certamente uma das 10 cenas que encarnam o cinema no imaginário universal.
(As outras nove? Não sei... O olho cortado à navalha, em O Cão Andaluz, de Buñuel; Carlitos com o menino, em O Garoto; Bogart e Bergman no aeroporto, em Casablanca; Gene Kelly dançando na chuva, em Cantando na Chuva; faltam cinco ainda...)
Aliás, ninguém disse isso ou ressaltou isso: Billy Wilder era um apaixonado pelas mulheres, certamente um sincero Don Juan.
Marlene Dietrich, Marilyn Monroe, Audrey Hepburn, Shirley Maclaine, só pra citar as que lembro de cabeça porque (com exceção de Dietrich) objetos do meu desejo.
E isso sem falar em Greta Garbo que ele não dirigiu, mas a quem fez sorrir, como autor do roteiro de Ninotchka.
A outra cena que me encanta nesse filme - O Pecado Mora ao Lado - é a de Marilyn descendo a escada que liga seu apartamento ao de seu vizinho.
A escada estava, na verdade, desativada - justamente para que o proprietário do imóvel pudesse dividir em dois o que antes era uma espécie de duplex. De repente, no meio da noite e em pleno delírio amoroso do vizinho, a escada se abre do teto e Marilyn começa a descer, lenta e majestosa, um sorriso radiante nos lábios. E nem nós, nem o vizinho podemos dizer se é verdade ou se é, de fato, um delírio.
Essa incapacidade fundamental de se dizer EXATAMENTE o que é, o que ocorre - que tanto nos maravilha quanto nos aterra - essência da arte e condição da existência é o que constitui a "ironia filosófica" de Wilder e o coloca ao lado dos maiores criadores de todos os tempos.
Antonio Caetano Café Impresso
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