quarta-feira, setembro 06, 2006

Sede de Amor


De Yukio Mishima (1925-1970)
(Pseudonyme de Kimitake Hiraoka)



Este livro de Mishima com título que lembra os romances Sabrina concentra-se na personagem da jovem Etsuko. Fria, ela assiste com certo prazer à morte do marido, Ryosuke, que, ela imagina, a enganava e a tratava com a mais dolorosa indiferença. Viúva, passa a viver na casa do sogro, Yakichi, e torna-se sua amante. Na mesma casa, no campo, vivem os cunhados, cunhadas de Etsuko e as crianças.

Etsuko, uma aristocrata, apaixona-se por um dos empregados da casa do sogro-amante, o jovem, belo e vazio Saburo. Guiada pela paixão, pelo egoísmo e pelo ciúme, Etsuko manipula o sogro e o próprio Saburo que mal percebe o que acontece ao seu redor e muito menos os sentimentos que inspira. Na sua simplicidade de homem do campo o rapaz é mais dado às sensações que aos sentimentos, ele e Miyo, também empregada da casa, fazem amor quando sentem vontade de fazer amor, sem refletir sobre o sentimento em si, sem nada que os una além da atração física. Miyo fica grávida de Saburo e é nesse ponto que a narrativa corre e todas as facetas de Etsuko são claramente mostradas. Saburo é indiferente a tudo, inclusive à paternidade e deixa que os outros decidam por ele a atitude a tomar com relação a Miyo. Etsuko, por seu lado, não pode perdoar a Saburo o fato de amá-lo e não ser correspondida (se é realmente amor o sentimento que ela nutre), o fato de sofrer por ele, quer que ele pague o preço da sua confusão. Ele paga, sempre sem compreender o que está acontecendo.

Mishima nasceu em Tóquio, em 1925, é mais conhecido no ocidente pela morte espetacular do que pela obra em si. Em 1970 suicidou-se segundo o ritual do
Seppuku[1] , o suicídio foi minuciosamente preparado, segundo alguns biógrafos esta preparação levou um ano e Mishima organizou toda a sua vida antes de partir desta forma dramática. Ao final do ritual ele teve a cabeça decepada, como mandava o figurino. Masakatsu Morita, aparentemente amante de Mishima, tinha sido designado para esta tarefa mas não foi capaz de executá-la. Koga terminou o trabalho e Masakatsu, por sua vez, matou-se também de acordo com o ritual.

Mishima escreveu 40 novelas, uma vintena de peças de teatro, mais de vinte livros de conto e vários ensaios. Foi três vezes candidato ao prêmio Nobel e é o escritor japonês mais conhecido no Ocidente. Numa de suas viagens pelo mundo esteve no Brasil, visitou um amigo na cidade de Lins e viu o carnaval do Rio de Janeiro que muito o impressionou.
Notas:
[1]Outro termo usado é Hara-kiri, não é muito comum em japonês por ser considerado grosseiro e vulgar.

Há também um ritual de suicídio para as mulheres, o Jigai, é bastante diferente do Seppuku, não necessita de assistência e consiste no corte da jugular. Antes de se matar a mulher deve amarrar as pernas uma na outra para ser encontrada numa posição ‘digna’. Este suicídio era muitas vezes usado para preservar a honra, evitar estupro depois da perda de uma batalha, por exemplo


Mishima no dia do suicídio
Leila Silva - Cadernos da Bélgica

Marcadores: ,

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

estou doiso por ler este livro...

07 setembro, 2006 22:45  

Postar um comentário

<< Home

Free Web Hit Counters
Free Counters