terça-feira, dezembro 18, 2007

Niemeyer - 100 anos

Pampulha - BH

Museu Oscar Niemeyer - Curitiba

Museu de Arte Contemporânea - Niteroi

Casa das canoas - RJ

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sexta-feira, dezembro 14, 2007

O chão de Graciliano


O livro de arte-reportagem, “O Chão de Graciliano”, editado pela Tempo d’Imagem, mostra, em texto de Audálio Dantas e fotografias de Tiago Santana, a região de nascimento e criação literária de Graciliano Ramos.
O livro, com versão em inglês e espanhol, é o resultado de várias viagens ao sertão de Alagoas e Pernambuco, a partir de 2002, quando foi feito o primeiro ensaio fotográfico para a exposição “O Chão de Graciliano”, em 2003 (Sesc Pompéia, em São Paulo), considerada a mais importante até hoje realizada sobre a vida e a obra do escritor. O evento, com projeto e curadoria de Audálio Dantas, marcou a passagem dos 110 anos de nascimento de Graciliano e os 70 anos da publicação de seu primeiro romance, “Caetés”, e percorreu várias cidades, entre as quais Maceió (AL), Fortaleza (CE) e em Recife (PE), na Fundação Joaquim Nabuco, com palestra de abertura de Ariano Suassuna.

Os autores e o Chão

Os autores do livro têm em comum a origem nordestina. O jornalista Audálio Dantas nasceu na pequena cidade de Tanque d’Arca, Alagoas, a poucos quilômetros de Quebrangulo, terra natal de Graciliano. Seu texto, uma reportagem literária, registra o tempo e o espaço do escritor em sua região, o passado e o presente muitas vezes se confundem, pois em muitos aspectos as condições do homem que nela vive permanecem praticamente as mesmas.
Cearense do Crato, o fotógrafo Tiago Santana, cresceu vendo os romeiros que buscavam milagres em Juazeiro, cidade do Padre Cícero, ali perto.
Como a obra de Graciliano, o ensaio fotográfico de Tiago é centrado na figura do homem, tendo a paisagem como mero pano de fundo. Na apresentação do livro, o jornalista (também nordestino) Joel Silveira, falecido recentemente, afirma: “O chão percorrido pelo fotógrafo é o mesmo sobre o qual Graciliano construiu a sua literatura, mas não é a paisagem, a terra quase sempre dura e seca, que Tiago recolhe em sua câmera; o que ele registra é o homem que nela vive, sobrevive ou dela se retira quando de todo perde a esperança – eterno Fabiano”.

O Chão de Graciliano é um projeto da Audálio Dantas Comunicação e Projetos Culturais e da Editora Tempo d’Imagem, com incentivo da Lei Rouanet.
Entre os vários projetos criados e desenvolvidos por Audálio Dantas destacam-se exposições temáticas, como “100 Anos de Cordel” (Sesc Pompéia, 2001) e “Na terra de Macunaíma” (2004/2005), em parceria com o jornalista Fernando Granato.
O livro “O Chão de Graciliano” tem como patrocinadores a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco – CHESF e Petrobras Transporte S.A – Transpetro.


A APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte escolheu os melhores de 2007. Na categoria Literatura, o livro reportagem do ano escolhido foi “O Chão de Graciliano”, do jornalista Audálio Dantas e do fotógrafo Tiago Santana.
A cerimônia de entrega dos prêmios acontecerá em 25 de março de 2008, no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
Imagens
1 - Graciliano Ramos
2 - Audálio Dantas

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quarta-feira, dezembro 12, 2007

Niemayer - 100 anos

Edifício Copan - SP

Estação hidroviária - Niteroi

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sábado, dezembro 08, 2007

Cozinhar é uma arte?


Paulo Grobe tem 31 anos de idade. Quando menino, aos domingos pela manhã, costumava ir ao mercado municipal com seu pai escolher os ingredientes para o almoço. Descobriu tarde a profissão de cozinheiro. Após uma tentativa frustrada em tornar-se advogado (abandonou o curso de Direito no quarto ano) decidiu entrar no mundo das panelas. Formado em Tecnologia e Gastronomia pela faculdade SENAC de Campos do Jordão, acumula passagens pelos melhores restaurantes do país como: D.O.M do chef Alex Atala, Charlô Bistro, Hotel Emiliano, todos em São Paulo. No início de 2004 assumiu a chefia da cozinha do Hotel Mercure, da rede francesa Accor, em Manaus, onde permaneceu por dois anos. Atualmente trabalha em um conceituado restaurante em Londres e sente saudades de Araçatuba e do feijão brasileiro.
-Cozinhar é uma arte?
- Cozinhar é muita coisa. Existe uma diferença abissal entre cozinhar em casa e cozinhar profissionalmente. Preparar uma refeição requer uma grande dose de generosidade; mexer com o prazer das pessoas e satisfazer suas expectativas é muito gratificante, mas quando se está atuando profissionalmente você sofre duas pressões: a da perfeição e a do tempo. Tudo tem que sair dentro do padrão e rápido. A tensão de uma cozinha de um bom restaurante em um sábado à noite é uma coisa absurda e isso rouba muito a beleza de cozinhar. Eu defino a cozinha profissional como uma ciência que se relaciona estreitamente com as artes, principalmente no processo criativo e na apresentação do prato.
- Qual o perfil do chefe de cozinha ideal?
- A primeira coisa é gostar de comer, ter um paladar curioso e uma boa memoria gustativa. A segunda é saber cozinhar, ou seja, conhecer profundamente e aplicar as técnicas de cozimento, transformando os ingredientes química e fisicamente; a terceira é amar a profissão que e muito ingrata e sacrificante. Perde-se fins de semana, feriados, e trabalha-se em media 12 horas por dia.
-Qual seu conceito sobre cozinha brasileira?
- A cozinha brasileira é uma das mais ricas do mundo. Pode ser definida como o resultado de três culturas bem distintas, a dos índios, dos portugueses e dos negros. Essa é a base. Os imigrantes europeus, vindos no século passado, trouxeram novos ingredientes e técnicas, mas não influenciaram nossa cozinha.
- Como você avalia a atual gastronomia brasileira?
- O Brasil ainda não valoriza sua gastronomia. Não se vê no país, com algumas exceções, restaurantes de comida brasileira, como se vê restaurantes franceses na Franca ou argentinos na Argentina. Mas isso esta mudando, chefs como Alex Atala, Carla Pernambuco e Mara Sales reinventaram a cozinha brasileira aplicando técnicas clássicas e modernas e levando o nome da gastronomia nacional para fora do país. O Brasil é um dos países com maior potencial turístico do mundo e o setor de alimentação, por consequência, só tem a crescer. Tomara que o arroz e o feijão tenham uma boa parcela nesse crescimento.
- Essa diversidade da cozinha brasileira é realmente conhecida no exterior?
- Sim, mas apenas por profissionais da área e amantes da gastronomia, as pessoas em geral conhecem apenas a caipirinha e algumas frutas tropicais. No restaurante em que trabalho, por exemplo, usamos manga, papaia, limão e castanha do Pará brasileiros. A culinária brasileira não é conhecida como a francesa, italiana ou japonesa, no entanto é mais rica em variedade de ingredientes e influencias que todas elas, embora não apresente uma técnica apurada e tampouco documentada. O catalão Ferran Adria, considerado hoje o maior cozinheiro do mundo, afirmou a algum tempo atrás que o futuro da gastronomia estaria no Brasil e na China e eu concordo com ele, pois são dois paises de dimensões continentais, potencial de desenvolvimento tremendo e gastronomicamente muito ricos.
- Qual sua cozinha preferida?
- Gosto da simplicidade, do rústico; sou apaixonado pelos ingredientes. Posso me emocionar com a beleza de um peixe recém pescado ou com a perfeição de um tomate. Outra coisa que me emociona são as receitas regionais, aquela comida de alma, secular, seja no Brasil ou fora dele.
- E preciso estudar pra ser chefe de cozinha?
- Ser chefe de cozinha hoje no Brasil virou sinônimo de status, a grande proliferação de faculdades de gastronomia e programas de televisão deixa isso bem claro. Cada vez mais pessoas se interessam pelos prazeres da boca, trabalhar na cozinha deixou de ser profissão de nordestino, homossexual e analfabeto e virou profissão da moda. Centenas de jovens de classes mais abastadas ingressam nas faculdades pensando que quando saírem serão chefes de cozinha. A faculdade dá um amplo conhecimento das técnicas clássicas, um panorama histórico e prático da gastronomia mundial e alguns conceitos de ordem teórica referentes ao planejamento e administração de empreendimentos do setor de alimentação. Mas isso e apenas um primeiro passo, um pontapé inicial. É preciso muito trabalho para se tornar um bom cozinheiro. Para ser um bom profissional a pessoa precisa de no mínimo 5 a 6 anos de profissão, de trabalho árduo dentro de uma, ou se possível, de várias cozinhas. Quanto mais lugares o sujeito trabalhar, mais conhecimento ele adquire.
- Que conselho você daria a alguém que queira ingressar na profissão?
- Pense duas vezes. Existe um livro chamado “Cozinha Confidencial”, do chef franco-americano Anthony Bourdain, onde ele relata os bastidores de uma cozinha profissional. Se depois da leitura você ainda quiser ser cozinheiro, seja bem vindo.
- Para finalizar, por que os homens se sobressaem como chefs de cozinha?
- Cada vez mais vejo mulheres na cozinha, tanto no Brasil como na Europa. Talvez essa predominância masculina se deva ao fato de que no passado, antes do advento da tecnologia, o trabalho nas cozinhas fosse ainda mais pesado que hoje, exigindo uma forca física que as mulheres em sua maioria não possuem. Refiro-me à cozinha profissional. Bater a massa de um bolo na mão e bater a massa de vinte bolos eram coisas diferentes, hoje em dia e só jogar tudo dentro da maquina e apertar um botão.

Fábio Messias - Revista Araçatuba Magazine - outubro de 2007
Ob. - Esse moço muito bonito alí da foto e muito inteligente tb é meu filho. Muito orgulhosa dele aqui. E saudosa demais. Uma saudade fininha e matadeira.
vera do val

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sexta-feira, dezembro 07, 2007

Lições de Sade

Lições de Sade
Eliane Robert Moraes
Ed Iluminuras


Publicada na clandestinidade, sentenciada ao fogo, proibida ou censurada, a obra do marquês de Sade restou condenada ao silêncio por quase dois séculos. Até hoje - quando o escritor "maldito" parece ter cedido vez ao "clássico" -, a indomável ficção sadiana ainda dá margem a especulações que, não raro, desembocam em equívocos. Desvios de tal natureza costumam reduzir o autor à idéia de sadismo, ora incorporada por discursos científicos, ora explorada pelo mercado. Visões comprometidas, sobretudo se prescindem da leitura atenta do mestre de todas as libertinagens. Nada mais oportuno, portanto, do que voltar às raízes do pensamento e da vida do polêmico marquês para compreender a trama perversa do seu imaginário - tão difícil de ser qualificado. Dotados de rara clareza, os ensaios de Eliane Robert Moraes configuram um olhar que privilegia a força imaginativa de Sade. Propositor de um erotismo sem precedentes, o criador da "Sociedade dos Amigos do Crime" funda um domínio único de expressão literária, marcado pelo excesso, cujos personagens devem ser compreendidos para além de qualquer alusão realista. Procurando contemplar essa visão, as reflexões aqui apresentadas circulam entre a literatura, a filosofia e a história, voltando atenção especial aos detalhes que constituem a impressionante arquitetura erótica proposta pelo escritor francês. Por isso mesmo, justifica-se o destaque dado a temas inesperados como as sociedades secretas da libertinagem, a alimentação dos devassos, ou a paisagem noir dos castelos do deboche. Essa diversidade também está presente nos comentários sobre as repercussões da obra sadiana, que constituem verdadeiro testemunho do seu efeito perturbador. Da exaltação do "divino marquês", promovida pelos surrealistas, às reflexões que lhe dedicaram Octavio Paz ou Roland Barthes, o que se percebe é a notável e seminal influência da imaginação libertina sobre muitos autores que lhe sucederam. Lidos em conjunto, os textos de Lições de Sade expõem o aprendizado de uma leitora exigente, que vem freqüentando a literatura libertina há duas décadas. Eliane Robert Moraes, dotada de estilo sagaz e elegante, revela uma sintonia fina com os ensinamentos sintetizados na frase de um dos mais lascivos personagens do marquês: "Toda a felicidade do homem está na imaginação". O mesmo vale para os leitores destas lições.

Leia um trecho do livro sobre o escritor francês publicado pela editora Iluminuras

O ponto de partida do ateísmo de Sade é o desamparo humano. Ninguém nasce livre; o homem, lançado ao mundo como qualquer outro animal, está “acorrentado à natureza”, sujeitando-se como um “escravo” às suas leis; “hoje homem, amanhã verme, depois de amanhã mosca” -tal é a condenação que paira sobre a “infeliz humanidade”. Ciente de que as religiões nascem desse sofrimento, o devasso sadiano prefere admiti-lo sem escapatórias para elaborar seu sistema. “Não bastará dar uma olhada em nossa miserável espécie humana, para melhor nos convencer de que nada nela anuncia a imortalidade?”, conclui ele no opúsculo “Do Inferno”.
Contudo, como se antecipasse a célebre fórmula gramsciana -“pessimismo da razão, otimismo da ação”-, o libertino procura superar esse desamparo primordial explorando os prazeres do corpo até suas derradeiras potencialidades. A volúpia, ensina o devasso do “Diálogo” ao padre, é “o único modo que a natureza oferece para dobrar ou prolongar tua existência”. Apenas ela pode substituir a consolação que a promessa de vida eterna encerra para atenuar o sofrimento humano, assegurando ao ateu uma outra forma de permanência no mundo. “Tens a loucura da imortalidade?”, pergunta Madame de Saint-Ange a Eugénie em “La Philosophie dans le Boudoir”, lembrando que só o desregramento dos sentidos pode perpetuar o homem no universo.
Sem a ilusão de encontrar outro mundo depois de morto, o moribundo do “Diálogo” transforma seu leito de morte em palco do prazer, onde a sensação de imortalidade deixa de ser uma quimera para alcançar o status de experiência. Fantasia derradeira que se produz no corpo do devasso, essa experiência cumpre o que a religião mantém apenas como promessa, realizando a sua loucura. Ao padre, uma vez convertido à libertinagem, resta a tarefa de dar continuidade -de corpo e alma- à subversão das leis humanas e divinas. Eis o que Sade chamará mais tarde, ao escrever “Justine”, de “o triunfo da filosofia”.

Eliane Robert Moraes - É crítica literária e professora de estética e literatura na PUC-SP e no Centro Universitário Senac-SP. Publicou, entre outros, "Sade - A Felicidade Libertina" (Imago), "O Corpo Impossível" (Iluminuras/Fapesp, 2002) e "Lições de Sade - Ensaios Sobre a Imaginação Libertina" (Iluminuras, 2006).

domingo, dezembro 02, 2007

Oscar Niemeyer - Cem anos


Construção de Brasilia - 1956 -1960
"Deus criou o mundo em sete dias. Em seguida criou Oscar Niemeyer."
Josias de Souza

No próximo dia 15 de dezembro, o arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer completa 100 anos. Nascido no Rio de Janeiro e responsável por projetos importantes como o Complexo da Pampulha em Belo Horizonte, os edifícios de Brasília e o Copan em São Paulo, Niemeyer foi recentemente apontado como o nono mais importante gênio vivo da humanidade.
Abaixo, os arquitetos Lelé, Angelo Bucci e Ricardo Ohtake, além do engenheiro José Carlos Süssekind comentam a obra de Niemeyer:

"Imagine que com meia dúzia de linhas feitas a giz na lousa de uma escola primária, em qualquer lugar, uma classe inteira de crianças fosse capaz de reconhecer nesses traços um certo edifício, quero dizer um edifício específico, não qualquer um. Mais que isso, imagine que qualquer uma dessas crianças fosse capaz de esboçar, ela mesma, edifícios que todos os outros meninos reconheçam: Palácio da Alvorada, Catedral de Brasília, Congresso Nacional e tantos outros.
Quando se diz que as obras de Oscar Niemeyer fazem parte do nosso imaginário é dessa extensão profunda que falamos. Ou seja, elas estão impregnadas de tal modo que somos, todos e desde criança, capazes de esboçar, de cor, um par de obras suas.
Imagine que qualquer uma daquelas crianças, à medida que amadureça e vá ampliando a sua compreensão do mundo, quando ela recorre àqueles edifícios de seu acervo imaginário, eles não frustram. Quer dizer, eles surpreendem sempre quer seja pela clareza, pela solução da estrutura, pelos arranjos dos programas, enfim, pela beleza e invenção que neles parecem não ter fim.
Qualquer arquiteto atuante hoje no mundo foi um desses meninos."
Angelo Bucci, arquiteto e professor doutor da FAU/USP

"Todos nós arquitetos, principalmente os cariocas, tínhamos admiração máxima pelo trabalho de Niemeyer. Após conhecê-lo, vi que é também uma pessoa extremamente generosa, sempre houve uma transferência de conhecimento muito boa entre nós.
Eu não conseguiria apontar uma obra preferida, porque ele se renova a cada momento. Sua produção tem fases que vão se sucedendo, cada vez com mais apuro.
A característica principal da obra dele é a intuição, baseada na lógica da natureza, no instinto das mentes privilegiadas dos gênios. Por isso mesmo, a sua obra é capaz de emocionar qualquer ser humano, independente da sua formação intelectual e categoria social.
Eu acho que as escolas de arquitetura hoje em dia estão muito voltadas para as últimas tecnologias, na trilha dos arquitetos europeus, quando tinham que ensinar o cotidiano também. Niemeyer se expressava de uma maneira elegante, claro, e também se utiliza da tecnologia, mas a expressão máxima do que ele alcançou foi sempre pela plasticidade do concreto armado. Os estudantes de hoje têm a missão de absorver toda essa qualidade da obra dele de forma inteligente, para que não se caia na caricatura, o que seria terrível."
João da Gama Filgueiras Lima, o Lelé, arquiteto integrante de uma das equipes de construção de Brasília

"[Sobre a complicação em realizar os projetos de Niemeyer] As coisas do Oscar sempre são complicadas no atacado. Porque ele tem horror do complicado ao varejo, de fazer uma varandinha, um recortadinho. Os prédios dele são complicados, mas com um problema só. E ele mostra que um projeto para ser monumental não precisa ter sei lá quantos metros e custar caríssimo. O museu de Niterói, por exemplo, que não tem coisa mais badalada, custou R$ 5 milhões.
[Sobre a generosidade de Niemeyer] A metade do que ele fez, ele não cobrou. A metade que ele cobra, ele cobra a metade. No prédio das Nações Unidas, em Nova York [único projeto de que Niemeyer diz se arrepender], ele pecou por generosidade. Uns anos mais tarde o Le Corbusier encontrou com ele e falou: "Oscar, como você é generoso", em referência a uma mudança no projeto que ele pediu e o Niemeyer aceitou."
José Carlos Süssekind, engenheiro responsável por diversas obras de Niemeyer

"Niemeyer introduziu linhas curvas. Uma arquitetura possibilitando uma cobertura curva. No Complexo da Pampulha ele começou fazendo a igreja como cobertura, a Casa de Baile tem um pequeno espaço fechado e depois uma marquise que vai fazendo curvas sinuosas, possibilitando ter uma paisagem do mar. Isto tudo foi ele quem inventou, e ninguém esperava ver uma coisa dessas. Até hoje o Niemeyer avança no processo de cálculos de estrutura, ele obriga os engenheiros a se virarem. Quando estes projetos foram para a Europa eles ficaram boquiabertos, foi daqui pra lá.
O ideal dele é mais ou menos o do modernismo, o da arquitetura para todos. O espaço público é um espaço democrático onde todos podem entrar, é essa a sua visão sempre. Brasília inclusive demonstra esta característica, a superquadra foi proposta para ter todos os prédios com o vão livre no térreo. É uma coisa muito transparente e muito agradável.
A atitude e o processo que o Oscar tem para desenvolver o seu trabalho são fundamentais para qualquer estudante e qualquer arquiteto. Ele trabalha com uma invenção e uma adequação, como nenhum outro."
Ricardo Ohtake, arquiteto, designer gráfico e autor do livro "Folha Explica Oscar Niemeyer"

Folha de S Paulo
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