sexta-feira, agosto 31, 2007

VORAGEM

Junichiro Tanizaki
ISBN: 8535901361
CIA DAS LETRAS
Número de páginas: 248
Tanizaki nasceu em 24 de julho de 1886 em Tóquio, em 1968 recebeu o prêmio Nobel de literatura.
O primeiro livro que li deste autor foi Le Pied de Fumiko (O pé de Fumiko) que, parece, não foi traduzido para o português. Descobri o livro e o autor por mim mesma, passeando numa livraria de Bruxelas. Coisa rara e, de certo modo, prova de ignorância, descobrir um autor desta importância por si, tão tarde, depois de ter passado por um curso de Letras. Mas este é o fato, eu nunca tinha ouvido falar no nome de Tanizaki até aquele dia e foi com ele que começou o meu ‘ardor’ pelos autores japoneses. Acho que nenhum deles cairá nas minhas mãos por acaso, como Tanizaki. Ele ainda continua sendo um dos meus preferidos, li dele tudo o que pude encontrar até agora. Depois vieram muitos outros, li, sobretudo, Mishima e Kawabata.
Os temas mais constantes na obra de Tanizaki são a dominação sexual, o Japão, as mulheres, a arte. Esse Voragem não foge à regra. Sonoko, uma mulher casada, apaixona-se por Mitsuko, uma linda colega do curso de pintura. O romance trata desta forte atração e do emaranhado de mentiras criados por todos os envolvidos com Mitsuko, ou seja, Sonoko, o amante de Mitsuko e, mais tarde, o próprio marido de Sonoko. Até mesmo o leitor se vê preso nestas armadilhas, sem perceber em determinadas situações se Mitsuko é vítima ou manipuladora.
O título do livro em francês é Svastika (suástica), se não me engano, este é o título original. A suástica, claro, no seu sentido original, antes de ser corrompida pelos nazistas, simboliza, entre os brâmanes e budistas, a felicidade, a salvação. Segundo o editor francês, aqui nesta obra de Tanizaki, a suástica (ou cruz gamada) representa “os quatro protagonistas (Sonoko, Mitsuko, Watanuki e Mister Husband) da história que, puxam, cada um a seu turno, os cordões desta trama amorosa e diabólica."
O livro foi livremente adaptado para o cinema com o título de The Berlin Affair (1985).
Leila Silva Terlinchamp - Cadernos da Bélgica

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quarta-feira, agosto 29, 2007

Mário Zanini - Um pintor de S Paulo

Paisagem da represa de Sto Amaro - Anos 40

Figuras no Tietê - anos 40


Barco com marinheiros - anos 50

sexta-feira, agosto 24, 2007

Deux amours cruelles

Junichiro Tanizaki
Prefácio de Henry Miller.
Stock, sept.2002, 159 pages

ISBN 2-234-5512-6

Este livro compreende duas histórias: l’histoire de Shunkin, et Ashikari, une coupe dans les roseaux.

Esta edição que li traz um prefácio interessantíssimo que não é de Mário de Andrade, mas de Henry Miller. Ele fala do seu amor pela arte e literatura japonesa e diz que elas têm sobre ele um efeito misto. “Tenho, às vezes, a sensação de que tudo aquilo se passa em outro planeta e fala de uma espécie que acaba de ser descoberta, outras vezes, sinto que tudo isto me é conhecido, que é a expressão mesma do homem original, a mais humana possível, a mais universal de todas as raças da terra.”

L’histoire de Shunki, a primeira das histórias, relata a vida de Koto Mozuya conhecida como Shunkin, filha de uma família rica. Shunkin tinha muitos talentos, a família a respeitava e investia nela. Aos nove anos, entretanto, Shunkin perde a visão e torna-se professora de música. Era extremamente exigente e punia com severidade seus alunos. Sasuke era aprendiz da família de Shunkin, apaixona-se por ela quando ainda menina, torna-se seu discípulo, atende todos os seus caprichos, mas não é aceito como esposo por causa de sua condição social inferior. Shunkin o aceita como amante e ainda assim, nunca assume publicamente a relação. Nada abale, porém, os sentimentos de Sasuke, ele comete os atos mais extremos por Shunkin. Quando ela, por causa de sua arrogância, é vítima de um atentado e seu belo e seu belo rosto fica, para sempre, desfigurado, Sasuke fura os próprios olhos para não vê-la naquele estado.

Ashikari, a segunda história, trata da vida de Oyu, uma jovem viúva impedida pela família do falecido marido de se casar novamente por causa da obrigação de cuidar de seu filho.
Leila S. Terlinchamp - Cadernos da Bélgica

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terça-feira, agosto 21, 2007

Mário Zanini - Parati - 1964


terça-feira, agosto 14, 2007

Leon Trotski - Literatura e Revolução

Literatura e Revolução
Leon Trotski
Jorge Zahar Editor

Observou Augusto Comte que “qualquer concepção só pode ser bem entendida pela sua história”. De acordo com tal assertiva, se quisermos bem compreender o livro “Literatura e Revolução”, que em boa hora a editora Zahar coloca ao alcance do público, nada melhor do que, preliminarmente, situá-lo no contexto em que nasceu e explicitar a natureza das questões que trata. O Autor do livro é Leon Trotski (1879 – 1940), um intelectual marxista voltado para a ação política, figura de proa e de primeira hora na revolução bolchevique de 1917 e marginalizado a partir de 1924, com a chegada de Stalin ao poder. Trotski morreu assassinado por um militante stalinista, no exílio, no México,
A maior parte das páginas que compõem “Literatura e Revolução” foram redigidas entre 1922 e 1923, portanto no momento histórico imediatamente posterior a assinatura do tratado de Brest-Litovsk (1918) entre a Rússia e a Alemanha - tratado que pôs fim ao estado de beligerância existente entre os dois países desde a eclosão da 1ª grande guerra mundial em 1914 - e a vitória do Exército Vermelho sobre as resistências internas a revolução bolchevique. Nos dois acontecimentos Trotski exerceu papel de destaque, chefiando a delegação soviética no primeiro e comandando o Exército Vermelho no segundo. Com a paz obtida tanto interna quanto externamente, os olhos dos líderes revolucionários voltam-se detidamente para os problemas da construção da nova sociedade. Este é o contexto em que Trotsky escreve sobre literatura exponde seus pontos de vista sobre as relações entre política, letras e sociedade.
O livro é apresentado por William Keach, professor da Universidade de Brown, em Boston, tendo sido a edição brasileira traduzida para o português e prefaciada por Luiz Alberto Moniz Bandeira, um dos mais laureados intelectuais do país, doutor em Ciência Política pela USP e ex-professor titular do UnB. Apresentador e prefaciador dão um panorama muito fecundo das questões tratadas por Trotski, o que facilita o contato com o livro até por parte de pessoas pouco afeitas as nuances da revolução de outubro e seus desdobramentos iniciais. Uma breve cronologia da vida de Trotski e um acurado glossário de nomes citados também ajudam a dar mais clareza e consistência ao texto, na medida em que situa quem é quem.
Ressalvando que “a economia é hoje o maior dos problemas”, Trotski adentra a questão do papel social da literatura, da arte e da cultura em geral no delicado momento que vivia seu país no início dos anos vinte do século passado; momento que vê como de transição entre o velho mundo dos czares e o do irromper da nova ordem que, acreditava, desembocaria no reino da abundância e da liberdade. “A sociedade futura irá se descartar da áspera e embrutecedora preocupação do pão de cada dia. Os restaurantes coletivos prepararão a escolha de cada um, comida boa, sadia e apetitosa. As lavanderias públicas lavarão bem as roupas. Todas as crianças serão fortes, alegres, bem alimentadas e absorverão os elementos fundamentais da ciência e da arte, como albumina, o ar e o calor do sol”.
Para Trotski a revolução de 1917 é o divisor de águas entre o mundo que desabou e o das esperanças emergentes. É à luz desta matriz que analisa o papel da arte como superestrutura, passando em revista as escolas literárias que agonizam e as que nascem, comentando: “quem se conserva fora da perspectiva de outubro está, completa e desesperadamente reduzido a nada”. Suas análises têm por centro 4 escolas literárias : o subjetivismo russo, o futurismo, e a dos qualificados como “companheiros de viagem” e a da cultura e arte proletária. Interessante destacar que as análises de Trotski deixam perceber a cisão que logo ocorreria entre ele e a linha seguida pela direção do partido. Trotski defende a liberdade de criação artística e literária, sem perder de vista as relações entre a arte e sociedade. Inversamente, o partido vai adotar a postura do tutelamento da cultura erigindo o “realismo socialista” a condição de estética oficial do estado soviético
Ler “literatura e Revolução” nos dias atuais é uma aventura do espírito, é soltar a imaginação viajando pelas nuvens das concepções estéticas que se confrontaram no limiar de um movimento revolucionário que criou tantas esperanças quanto decepções durante o período de tempo que o historiador Eric Hobsbawm chamou de “o breve século XX”.

Aluízio Alves Filho -
Revista Achegas
Jornal do Brasil - Idéias

sábado, agosto 11, 2007

Bangue - bangue na África do Sul


O Clube do bangue – bangue
Greg Marinovich - João Silva
Editora - Companhia das letras
Tradução – Manuel Paulo Ferreira


A foto é famosa: em um canto, uma criança africana, morrendo de inanição; do outro lado, um urubu, como à espreita, esperando o momento dela morrer.
A imagem foi tirada no Sudão em 1993 durante uma caravana de ajuda de entidades assistencialistas que levavam alimentos e serviu como parte de uma campanha mundial para divulgar as péssimas condições de "vida" do país. Conferiu ao seu autor, Kevin Carter, o prêmio Pulitzer de fotografia.
Outra foto, igualmente premiada com o Pulitzer, igualmente com o mesmo impacto, foi tirada durante os tumultos que agitaram a África do Sul durante os quatro anos que antecederam a eleição de Nelson Mandela para a presidência. Um homem, depois de ser perseguido por uma multidão furiosa que o chuta, bate e esfaqueia, recebe um tratamento nada incomum naqueles dias: um pneu embebido de gasolina é colocado em seu pescoço e o fogo ateado. Greg Marinovich clica exatamente o momento quando, com o fogo recém-aceso, um manifestante crava um facão no crânio daquele homem.

Greg Marinovich, Kevin Carter, João Silva e Ken Oosterbroek, além de vários outros, faziam parte de um grupo de jovens fotógrafos que começaram a se destacar ao mostrarem as atrocidades ocorridas durante os estertores do apartheid. Com ousadia e destemor, beirando a insensatez e a inconsciência, eles corriam atrás de notícias e fatos, passaram por muitos perigos, escaparam muitas vezes da morte. O resultado foi a revelação de horrores e violências que escapavam ao senso comum e que, de outra forma, teriam ficado escondidas e ignoradas.
Mas, isso também significou um preço impressionantemente alto em suas existências. As cenas que acabavam de ver e registrar em suas câmeras impregnavam-se em suas mentes e os perseguiam em pesadelos como não o faria nenhum filme fotográfico. Muitos não resistiram.
Em 1990, Nelson Mandela finalmente foi libertado depois de 27 anos preso. Sua libertação apontava para o final do regime que durante décadas foi o símbolo máximo do racismo e da prepotência dos brancos em um país cuja população era constituída maciçamente de negros. Um acordo foi sendo árdua e dificultosamente costurado para que houvesse eleições onde cada pessoa, independente de sua cor, pudesse votar. A cada pessoa, um voto, afinal. Ninguém duvidava de quem ganharia nestas condições. Mandela era o depositário das esperanças do fim da opressão.
Isso no nível institucional. Nas ruas, a violência explode. Nos albergues nas periferias das cidades, com sua enorme concentração populacional e condições econômicas miseráveis, as diversas etnias, os diversos grupos partidários pró e anti-CNA, partido de Mandela, se digladiavam. Além do que, mais tarde constatou-se a forte participação de grupos policiais e para-militares do governo branco utilizados para atiçar os ódios, organizar e apoiar gangues armadas ou assassinar líderes políticos.
No meio do tumulto, uma revista sul-africana monta uma matéria sobre um grupo de fotógrafos que estava se tornando conhecidos por sua loucura e arrojo em conseguir suas fotos e parecia estar sempre presentes onde houvesse tiroteios e mortes e o chama de os "Os Paparazzi do Bangue-Bangue". Eles não gostaram do termo "paparazzi", que lhes pareceu um tanto fútil, e a revista mudou para "Clube". Eles se resignaram, pois afinal o título era uma espécie de reconhecimento do seu trabalho e acabaram assumindo-o.
Esse Clube foi sendo forjado no calor dos acontecimentos. Eram, em sua maioria, brancos, muito jovens, sem muito discernimento político, embora tivessem compreensão de que estavam participando, de alguma forma, da História. A consciência do perigo que passavam e a caça de emoções e de adrenalina enquanto as balas passavam ao seu lado, também faziam parte. As contradições pessoais, as crises de consciência, a descoberta do horror, igualmente. Cada um sobreviveu e manteve a lucidez como pôde. E enquanto pôde.
Marinovich, ao resgatar as lembranças da formação daquele grupo e de suas experiências, busca dar sentido a algumas indagações que martirizaram a todos e que, na verdade, poucos tiveram a coragem de enfrentar: qual o momento em que o fotógrafo deve parar de clicar e começar a "agir"? E o que significa "agir", neste caso? Suas câmeras não eram como tantas outras armas que ajudavam a revelar a verdade? Suas fotos também não ajudavam a destruir o regime? Marinovich não responde diretamente (talvez nem haja uma resposta plausível) e rememora de quantas vezes eles ajudaram a carregar corpos ou prestaram primeiros socorros pelo simples fato de serem os únicos presentes além dos feridos ou de possuírem os únicos carros com condições de levá-los ao hospital. Mas, sempre depois de tirarem as fotos.
Marinovich diz que semântica e literalmente eles pisavam em cadáveres e faziam disso seu trabalho. Com isso ganharam prêmios e tiravam seu sustento. A comparação com o urubu ao lado da criança é desagradável, mas inevitável. Ele diz que, no entanto "Nunca matamos ninguém e, na verdade, até salvamos algumas vidas. E, talvez nossas fotos tenham feito alguma diferença". Mais do que qualquer outra coisa, isso parece ser o grito de alguém que tenta convencer a si mesmo.

As conseqüências, pessoais e para o grupo, foram devastadoras. Crises depressivas, alcoolismo, mergulho nas drogas, relacionamentos conturbados. Em janeiro de 1994, Abdull Shariff, fotógrafo sul-africano de origem indiana, viu-se no meio de um fogo cruzado e é morto. Três meses depois, poucos dias antes da eleição que consagraria Mandela, Greg Marinovich recebe um tiro, mas consegue ser atendido. Na mesma ocasião, Ken Oosterbroek é alvejado mortalmente. João Silva, ao ver seu melhor amigo estendido no chão não consegue raciocinar muito e fez o que todos pensariam que Oosterbroek também faria, o que qualquer fotógrafo faria: levantou a câmera, ajustou o foco e começou a tirar fotos do cadáver.
Ken Carter acabou não resistindo: suicidou-se dentro de um carro fechado após puxar uma mangueira direto do carburador ligado. Mikey Persson abandonou o jornalismo investigativo e de batalhas, mudou-se para os Estados Unidos e passou a tirar fotos para revistas automobilísticas. Gary Bernard viciou-se em crack e matou-se com uma overdose de anti-depressivos.
Não há, nunca houve, respostas fáceis e prontas nem para a África do Sul, mesmo com a posse de Mandela, ou para os sobreviventes do Clube Bangue-Bangue. Ou para qualquer um de nós que busque compreender os estreitos limites entre ética, sobrevivência pessoal e mental, atividade profissional, militância política. O grande mérito deste livro talvez seja conseguir colocar estas questões de modo tão explicito e escancarado.Pena que a Companhia das Letras tenha optado por uma edição do livro em formato pequeno e todas as fotos sejam em preto-e-branco. Não tira o impacto da mensagem, por certo, mas não chega perto do original. Como podem perceber pelos exemplos que coloquei aqui. Para quem quiser, ou tiver coragem, boa parte destas fotos estão de fácil acesso pela internet, como aqui por exemplo:
DIGITALFILMMAKER

Claudinei Vieira - Desconcertos

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segunda-feira, agosto 06, 2007

Mario Zanini

Parque D Pedro II - 1958

Regata no Tietê - 1965

Mário Zanini (São Paulo, 1907 – São Paulo, 1971) era filho de italianos, fez curso de pintura na Escola Profissional Masculina do Brás e o curso noturno do Liceu de Artes e Ofícios. Foi letrista da Cia. Antártica Paulista. Fez sua primeira paisagem em 1923.
Foi amigo de Alfredo Volpi (seu vizinho no Cambuci) e trabalhou com Francisco Rebolo Gonzales. Mudou-se para o Palacete Santa Helena, onde Rebolo já estava com seu ateliê instalado. Dividiu o aluguel de sua sala com Manoel Martins e Graciano fazendo, assim, surgir aos poucos o Grupo Santa Helena, núcleo da futura Família Artística Paulista.
Em Itanhaém, cidade já comentada por seu amigo Volpi, inicia sua série de marinhas.
Zanini participou de poucas individuais; mas foi nas coletivas que suas obras confirmavam suas presenças.
Depois de sua morte, a Opus Galeria de Arte realizou uma retrospectiva, reunindo 39 obras pertencentes a colecionadores e amigos. No mesmo ano, a família do artista doou ao MAC-USP 108 obras de diversas fases da vida de Zanini, incluindo pinturas, gravuras, desenhos e cerâmicas.
Mesmo havendo semelhanças de suas obras com as de Rebolo, Volpi, entre outros, Zanini se difere dos outros artistas por seu colorido intenso e profundo.

sábado, agosto 04, 2007

Akhenaton – o rei herege

Naguib Mahfuz

Naguib Mahfuz nasceu no Cairo em 1911, em 1939 teve sua primeira novela publicada, em 1988 ganhou o prêmio Nobel, morreu em agosto de 2006.
Akhenaton – o rei herege foi publicado em 1985. O escriba Mirim-Mon, viajando com seu pai pelo Egito antigo, fica impressionado e intrigado ao ver as ruínas do que fora a cidade do ‘Rei herege’ e parte com algumas recomendações de seu pai, para tentar descobrir a verdade sobre esta cativante figura, o primeiro monoteísta da história. Para se aproximar da verdade escuta várias versões da mesma história, entrevista todos os que estiveram em contato com o faraó, do seu pior inimigo à sua mulher, a famosa Nefertiti. O leitor está, assim, em contato com a mesma história narrada por personagens que adoravam Akhenaton, o consideravam uma espécie de messias e outros que o consideravam um louco irresponsável, outros, ainda, o amavam como um amigo, mas achavam que ele estava errado. Enfim, são vários caminhos, o autor não escolhe a melhor versão para o leitor, cabe a ele decidir, mas é impossível não simpatizar com Akhenaton em algum momento desta narrativa.

Eis um pequeno trecho:

''Eu fui seu amigo de infância, como Horemheb e Bek. O mais curioso nisso tudo é que quanto mais se falava de sua debilidade, ou de seu jeito afeminado e estranho, mais ele conseguia fazer com que todos o amassem. Ficávamos impressionados com a sua capacidade de raciocínio e com seu amadurecimento precoce. Fui o primeiro a descobrir seu ponto fraco: é que não se interessava pelos assuntos do mundo real, porque o deixavam entediado e até doente. Não via com bons olhos a vida cotidiana do pai, que era o núcleo sólido em que se fundamentavam as tradições sagradas do trono, como levantar na hora marcada, a hora do banho, do desjejum, da oração, da recepção dos ministros e da visita ao templo. Ainda resmungava:
''- Quanta escravidão!

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